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O sonho do carregador único: nova lei da Europa pode ser copiada no Brasil?


Entenda como funcionam os carregadores rápidos de celular - Olhar Digital

O Parlamento Europeu aprovou, na semana passada, a padronização dos carregadores de celulares para o conector USB-C. As fabricantes têm prazo de dois anos para ajustarem os aparelhos comercializados na União Europeia à nova regra. A part partir de 2026, ela será estendida também a laptops.

A ideia é "padronizar" as entradas de modo que qualquer carregador sirva em qualquer aparelho, economizando o dinheiro do consumidor e reduzindo o lixo eletrônico.

A União Europeia tem se posicionado como pioneira em regulamentações na área de tecnologia, sem receios de "bater de frente" com as gigantes do setor. Muitas vezes, as iniciativas do bloco inspiram outras nações a fazerem o mesmo. Será que isso pode se refletir no Brasil?
Quatro especialistas das áreas de computação e engenharia elétrica ouvidos por Tilt entendem que, para baratear custos, as fabricantes devem adotar o USB-C para toda linha, indiferentemente se o produto for para a União Europeia ou outro país. Isso impacta diretamente a Apple — a única que usa seu próprio padrão, o Lightning, nos iPhones.

Por aqui, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) chegou a fazer uma consulta pública na metade deste ano, para também padronizar as saídas dos carregadores para USB-C, como lembra Ugo Silva Dias, professor de engenharia elétrica da UnB.

A proposta, baseada no projeto europeu, pretende garantir "maior conveniência dos consumidores e possivelmente reduzirá resíduos eletrônicos pelo reaproveitamento de carregadores quando da troca do telefone celular".

"As padronizações costumam ser muito positivas para o Brasil, pois é um país continental com várias diferenças por regiões, tanto arquitetônicas quanto de desenvolvimento", observa Dias.

Com um único tipo de saída, ficará mais fácil compartilhar um carregador. "Como vivemos em sociedade, as pessoas colaboram entre si tanto nas famílias quanto entre amigos. E, caso se esqueça do carregador ou o seu falhar, o outro vai poder te ajudar. Isso torna o processo mais inclusivo", acredita o professor.

Porém, a mudança por aqui ainda pode levar tempo, preveem os especialistas.

Apple é principal afetada
A Apple, principal afeitada pela medida, já usa a entrada USB-C em alguns modelos de Macbook, o que facilitaria o processo de mudança para novos carregadores, analisa o professor de engenharia de computação do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia), Murilo Zanini de Carvalho. (A Dell também utiliza esse tipo de entrada nos notebooks XPF.)

A empresa de Tim Cook argumenta que a mudança pode gerar até mais lixo eletrônico, pois os consumidores precisarão descartar seus carregadores Lightning, que não terão mais uso.

Por outro lado, vale lembrar que a padronização facilitaria migrações entre aparelhos Android e iPhones.

"Hoje o que a gente vê é o aparelho ter vida útil mais longa do que o cabo, Nessa fase de transição vai ter, de fato, lixo eletrônico, mas se for pensar melhor, no futuro a gente vai ter reaproveitamento dos carregadores muito maior do que hoje", frisa Carvalho.

"É um passo bem importante pensando em sustentabilidade. Muitas pessoas têm dois, três celulares guardados, porque não sabem onde descartá-los", diz o coordenador dos cursos de TI, engenharias e computação da UniRitter, Lisandro Martins da Silva.

Há quem acredite que a nova regra também possa "forçar" a Apple a melhorar a qualidade de seus cabos e conectores. "Isso tornaria os carregadores menos perecíveis", acredita o coordenador do Laboratório de Eficiência Energética e do curso de engenharia de energias renováveis da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Odilon Duarte.

Na sua percepção, o cabo da Apple é o menos durável. "Principalmente a conexão com o conector, que apresenta inúmeras falhas.



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