Depois de entrar na mira da Justiça Eleitoral por conta da disseminação de notícias falsas no primeiro turno das eleições 2018, o WhatsApp prometeu avaliar sugestões do Conselho Consultivo Sobre Internet e Eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para combater as “fake news”, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
Uma das ideias apresentadas na reunião realizada nesta terça-feira, 16,
foi a de reduzir ainda mais a quantidade de vezes que uma mesma
mensagem pode ser compartilhada – das atuais 20 para 5, como é feito na
Índia.
Na reunião, realizada via
teleconferência com representantes do WhatsApp, o aplicativo também
colocou em mesa as suas propostas, que agora serão avaliadas pela área
técnica do TSE. “Eles se propuseram de oferecer ao TSE algumas
ferramentas que não são comuns para o usuário ordinário. E o TSE vai
avaliar a utilidade dessas ferramentas para os interesses da Justiça
Eleitoral”, contou o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques,
sem entrar nos detalhes na proposta.
Segundo Jacques, a dificuldade está em
empregar para o aplicativo de mensagens a mesma metodologia de combate
às fake news usada nas redes sociais. Jacques listou os três pilares
deste enfrentamento aplicados às plataformas abertas: alfabetização
midiática (ensinar as pessoas a serem críticas quanto ao que recebem),
checagem de informação e o direito de resposta.
“Isso já é factível nas redes sociais, e
o WhatsApp está aquém disso. E essa é a nossa conversa”, relatou o
procurador, admitindo a dificuldade de se traçar um plano efetivo de
enfrentamento a disseminação de informações falsas pelo aplicativo.
Como parte importante do combate as
notícias falsas caminha em descobrir quem originalmente produziu o
conteúdo, as providências esbarram no “núcleo duro” do WhatsApp, que
sustenta a privacidade de seus usuários como algo “sagrado”, destaca
Jacques.
“Assim como para vocês da imprensa o
sigilo da fonte é sagrado, para um mensageiro como o WhatsApp a
privacidade das comunicações é sagrada. Ele considera que aquilo que as
pessoas conversam não é visível”, comparou o procurador. “Esse é uma das
coisas que o WhatsApp demonstra na conversa conosco, que 90% do tráfico
do aplicativo no Brasil é interpessoal. Não é essa megalópole de grupos
que as pessoas tendem a imaginar”, completou o vice-procurador-geral
eleitoral.
Propostas
O resultado do encontro desta
terça-feira divide conselheiros. Há quem veja o encaminhamento dado ao
problema de forma pessimista, entendendo que não há mais tempo para
conter os estragos da situação. Essa ala considera que a Corte Eleitoral
subestimou o impacto da proliferação de notícias falsas durante a
campanha e está “atuando a reboque dos fatos”.
Por outro lado, a perspectiva de
eventualmente o WhatsApp efetivar alguma das medidas propostas anima
outros integrantes do conselho.
Além de propor um limite mais restrito
para o encaminhamento de mensagens via WhatsApp, a ONG SaferNet Brasil,
integrante do conselho, também sugeriu que o aplicativo reduza o número
de grupos que um único usuário pode criar, de 9.999 para 499, além de
limitar o número de grupos que um mesmo usuário pode integrar.
A ONG, que faz parte do conselho desde
sua formação, ainda defende a remoção – durante o período eleitoral – da
ferramenta “encaminhar” que aparece adjacente a vídeos e áudios, e quer
que o aplicativo desenvolva uma ferramenta para auxiliar as pessoas a
conferirem a veracidade do conteúdo disseminado na plataforma.
Em nota, o WhatsApp afirmou que teve
“uma produtiva conversa”, em referência a reunião realizada com o
conselho. “O WhatsApp teve a oportunidade de se reunir com o Conselho
Consultivo do TSE por meio de uma videoconferência hoje. Tivemos uma
produtiva conversa sobre as ações que tomamos para mitigar o mau uso e
como podemos trabalhar juntos para combater a desinformação. Estamos
ansiosos para continuar o diálogo durante o período eleitoral”, disse.
ESTADÃO CONTEÚDO
0 Você está em: “ Menu Notícias | Geral Postado em 17 de Outubro de 2018 ás 09:49 h Whatsapp avalia propostas para conter disseminação de notícias falsas. Entre elas diminuir o “repassando” ”