O
ex-presidente da Câmara e ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
chorou nesta segunda-feira (6) ao prestar depoimento, por
videoconferência, ao juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de
Souza Oliveira.
Henrique
Alves está preso desde junho por suspeita de participar do esquema de
superfaturamento das obras da Arena das Dunas, em Natal (RN). O estádio
foi construído para a Copa do Mundo de 2014.
O
depoimento desta segunda, contudo, foi dado no âmbito da Operação
Sépsis, um desdobramento da Operação Lava Jato que investiga um
suposto esquema de corrupção comandado pelo PMDB na Caixa Econômica
Federal.
Henrique
negou qualquer participação no suposto esquema de propina na Caixa em
troca da liberação de empréstimos do Fi-FGTS, fundo de investimento
administrado pela Caixa que aplica recursos do trabalhador em projetos
de infraestrutura.
"Nunca tratei e desafio que apareça vivo alguém para afirmar que eu tratei algum assunto do FI-FGTS", afirmou.
O
ex-presidente da Câmara admitiu, porém, ter recebido doação eleitoral
por meio de caixa 2, sem dinheiro não-declarado à Justiça Eleitoral.
"Não sei o valor de doações não declaradas", disse.
CONTA NO EXTERIOR
Durante
o depoimento, o ex-presidente da Câmara falou sobre uma conta bancária
aberta no banco Merrill Lycnh, em Nova York (EUA), em 2008. Segundo
Henrique Alves, ele nunca movimentou essa conta e até se esqueceu de sua
existência.
De
acordo com o ex-ministro, a conta foi aberta após ele ter sido
orientado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que também está
preso e prestou depoimento nesta segunda.
Ao juiz, Henrique Alves afirmou que a conta no exteriorserviu para contornar a disputa familiar em torno da herança do pai dele.
O
peemedebistou explicou, então, que decidiu abrir a conta porque o
casamento estava em crise, vivendo "altos e baixos", e havia uma briga
entre ele e os irmãos em torno do inventário do pai, proprietário, por
exemplo, de meios de comunicação.
"Alguns
irmãos até entraram com processo contra isso. E, por sugestão de
Eduardo Cunha, no final de 2008, abri a conta", afirmou, acrescentando
que a conta serviria para "blindar esse clima familiar".
O
ex-ministro disse que, ao abrir a conta, foi informado que, se não
houvesse movimentação bancária durante o período de um ano, seria
encerrada.
Segundo
ele, a situação com a então esposa melhorou, assim como o clima entre
os irmãos, e que, portanto, não chegou a usar a conta.
"Eu
nunca coloquei [...] um dólar sequer nessa conta", afirmou. "Então,
essa conta passou a não existir, a não constar mais da minha vida",
acrescentou. Ele também negou ter recebido qualquer valor por meio dessa
conta.
De acordo com o ex-ministro, era uma "necessidade" que ele pensava ter diante da "fragilidade no casamento e na vida familiar."
"A
separação foi de forma amigável e, com meus irmãos, pouco a pouco foi
melhorando a situação, mas o inventário sequer foi concluído", afirmou.
Ele
garantiu que não repassou o número dessa conta a ninguém e que não tem
informações sobre quem poderia ter feito movimentações nessa conta.
“Paguei um advogado na Suíça para pesquisar todo o processo. Foi à minha completa revelia”, afirmou.
G1 RN
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