A manchete era a seguinte: “Juiz que ironizou por receber sem trabalhar vira herói no Facebook“.
Não fui conferir. Na verdade, nem tenho
perfil no Facebook. Mas, admitindo como verdadeira a notícia que gerou a
referida manchete, constato mais uma vez o quanto a opinião dos
brasileiros – pelo menos daqueles que põem comentários na Internet –
muitas vezes é estranha.
Porque, para mim, é estranho que tanta
gente aplauda tão imediatamente a atitude de um juiz que, afastado do
exercício da jurisdição, em razão de distúrbios psiquiátricos, trate com
ironia e desdém a instituição da qual faz parte – o Poder Judiciário –
dizendo que está ganhando sem trabalhar.
Longe de mim julgar se o colega em
questão recuperou ou não as condições psíquicas para retornar ao
exercício da magistratura – que o órgão competente para fazer esse
julgamento o faça – mas, se foi afastado por questões de saúde, tinha
mesmo que ficar recebendo seu salário, como qualquer trabalhador que
esteja em licença médica.
O que me preocupa, no caso, é perceber
que basta alguém levantar a voz contra uma instituição brasileira da
importância do Poder Judiciário, ou contra os seus membros, e logo
aparece uma multidão para aplaudir e fazer coro, lançando críticas
generalizantes, sem ter o menor cuidado em verificar se as razões dessas
críticas são pertinentes.
Ora, que o Poder Judiciário tem seus defeitos, é fato de conhecimento geral. Da existência de maus juízes também ninguém duvida. Nem por isso, entretanto, se vai negar a importância da instituição, nem tampouco diminuir o valor daqueles que agem de forma a dignificá-la.
Coincidentemente, por esta mesma época
em que foi publicada a manchete à qual me refiro, está em curso o
Programa de Valorização dos Juízes, promovido pelo CNJ, destacando-se do
site do Conselho o seguinte parágrafo: Sabe-se que a atuação dos
juízes é fundamental para a garantia do pleno exercício da cidadania, e a
relevância desse papel pode ser verificada no simples fato de que são
proferidos cerca de 22 milhões de sentenças por ano, em que pessoas são
absolvidas de falsas acusações, criminosos são presos, consumidores são
ressarcidos, devedores são condenados, maus políticos são cassados,
direitos dos trabalhadores são respeitados, interesses familiares são
preservados, vidas são salvas (http://www.cnj.jus.br/programas-de-a-a-z/eficiencia-modernizacao-e-transparencia/valorizacao-da-magistratura).
Por Marcos Mairton da Silva - blog carlos santos
0 Você está em: “Sobre críticas ao Judiciário e aos juízes”